sexta-feira, 29 de julho de 2011

Diversidade do Momento, poema de Diego Lopes

Uma pipoca, uma esfiha, um biscoito
Oferecem, aceito, como e gosto
Por mais diferentes que venham a ser
Há sempre semelhanças que eu possa ver
São todos salgados

Elas. Pessoas. Conversam, abraçam, desejam
Falam. Um sorriso. A sensualidade do ser que, coitado, não chego a comer
Talvez por não ser o salgado, ou faltou o simples querer
Alguns dizem mina, outros piriguete
Eu as chamo mulher

Há um caminho, mas só se vê ao percorrer
Um carro no escuro de farol apagado
Só se vê o que passou não se enxerga o que virá
Palavras, idéias, mulheres ou coisas
Depende de como as vê

Para uns o intervalo, outros o inocente recreio
Mas aí o fato. A falta do professor
Talvez essa a verdadeira aula
O teste da liberdade, a prática do aprender
Mas não chega a parar de ser aprendizado
Olha lá. Enxergue… depende apenas de uma coisa:
Do modo que você vê



DIVERSIDADE ETNOCULTURAL NA ESCOLA

A discriminação é promovida e reforçada na educação escolar de diversas formas. As condições salariais, a desvalorização do professor, a pouca atenção que muitos governos vêm dando à escola pública são alguns dos fatores que fazem com que o próprio educador acabe, sem perceber, reproduzindo e reforçando a discriminação e o preconceito, os quais geram a violência.

A problemática da cultura está hoje no centro das atenções dos sistemas educacionais verdadeiramente comprometidos com a formação dos educadores e de profissionais de diversas áreas, para o século XXI. Nenhum deles pode ignorar as difíceis questões do multiculturalismo, das diferenças de raça, gênero, etnia, sexuais, religiosas, de linguagem, de região, da ética. Essas questões exercem um papel importante na definição do significado e do propósito da escolarização, no que significa ensinar e na forma como os estudantes devem ser formados para viver em um mundo que será amplamente globalizado, com alta tecnologia e racialmente diverso que em qualquer outra época na história.

Em face de este quadro, parece-nos importante produzir uma nova rede de relações sociais e redescobrir o significado da educação formal, no seu valor prático, para todos os grupos sociais e não apenas para alguns privilegiados. Parece-nos igualmente importante, tentar devolver à educação o seu valor como uma agência mediadora para que através dela se revalorizem as várias culturas étnicas.

A discriminação e o preconceito reproduzidos em salas de aula por muitos professores assustam num primeiro momento, mas revelam como o desrespeito pela diversidade humana está inserido no sistema. O professor reproduz muitas vezes idéias e conceitos que vêm dos modelos institucionais e que promovem a discriminação social, racial, étnica, religiosa, cultural.

A discriminação é promovida e reforçada na educação escolar de diversas formas. As condições salariais, a desvalorização do professor, a pouca atenção que muitos governos vêm dando à escola pública são alguns dos fatores que fazem com que o próprio educador acabe, sem perceber, reproduzindo e reforçando a discriminação e o preconceito, os quais geram a violência.
Ao fornecer ao aluno os meios de submeter a um exame crítico as crenças próprias de sua cultura e de fazer evoluir sua representação do mundo, estaremos provavelmente propiciando-lhe uma ampliação de suas perspectivas. As escolas, como instituições de socialização têm como tarefa expandir as capacidades humanas, favorecer análises e processos de reflexão em comum da realidade, desenvolver nos alunos procedimentos e habilidades imprescindíveis para sua atuação responsável, crítica, democrática e solidária na sociedade.

Essas sensibilidades e capacidades devem ser capazes de realizar análise críticas, por exemplo, aos materiais didáticos utilizados em sala de aula e que com freqüência são veículos por excelência de todo o tipo de preconceitos que levam à e discriminação e até á violência.

Os recursos didáticos devem ser acompanhados de propostas inovadoras de materiais escolares interculturais que possam servir de suporte para a elaboração de atividades, dado que uma das dificuldades manifestadas pelos professores para desenvolver temas transversais nas suas escolas se deve à falta de materiais alternativos ao clássico livro didático.

A formação docente exige uma revisão dos materiais utilizados por cada professor e daqueles já publicados que possam ser incorporados ao currículo escolar, quer sejam: livros de contos, canções de autores contemporâneos sobre temas de racismo e multiculturalismo, álbuns de fotografias, vídeos educativos, atividades sugeridas pelos coletivos à resolução de conflitos de forma educativa, ou estratégias de educação moral e ensino de valores.

Estes materiais devem ser analisados criticamente pelos docentes, como ponto de referência para a elaboração de novas atividades interculturais. Eles possibilitarão também um debate interessante sobre a disponibilidade de materiais transversais, bem como das dificuldades de criação de materiais didáticos adequados às atuais condições de trabalho do coletivo dos docentes.

Em suma, a instituição educacional precisa constituir-se em uma instância de promoção de auto-reflexão e do desenvolvimento de sensibilidades e das capacidades intelectuais e operativas, embasadas em valores éticos necessários á formação de profissionais comprometidos com a construção de sociedades mais solidárias.

José de Sousa Miguel Lopes

Disponível em:
http://www.aulaintercultural.org/article.php3?id_article=1583