domingo, 28 de agosto de 2011

Movimento Feminista

Feminismo é o movimento social que defende igualdade de direitos e status entre homens e mulheres em todos os campos.

Embora ao longo da história diversas correntes filosóficas e religiosas tenham defendido a dignidade e os direitos da mulher em muitas e diferentes situações, o movimento feminista remonta mais propriamente à revolução francesa.

A convulsão desencadeada em 1789, além de pôr em cheque o sistema político e social, então vigente na França e no resto do Ocidente, encorajou algumas mulheres a denunciar a sujeição em que eram mantidas e que se manifestava em todas as esferas da existência: jurídica, política, econômica, educacional etc.

Enquanto os revolucionários proclamavam uma declaração dos direitos do homem e do cidadão, a escritora e militante Olympe de Gouges redigia um projeto de declaração dos direitos da mulher, inspirada nas idéias poéticas e filosóficas do marquês de Condorcet.

Desde o início da revolução, as francesas participaram ativamente da vida política e criaram inúmeros clubes de ativistas femininas. Em 1792, uma delegação encabeçada por Etta Palm foi até a Assembléia para exigir que as mulheres tivessem acesso ao serviço público e às forças armadas. Essa exigência não foi atendida e o movimento feminino foi suprimido pelo Terror. Robespierre proibiu que as mulheres se associassem a clubes, e o projeto de igualdade política de ambos os sexos foi arquivado.

 Em 1848, a França conheceu nova revolução e, como a anterior, sacudiu as bases da ordem estabelecida. Mais uma vez os clubes femininos proliferaram no país. As mulheres agora reivindicavam não só a igualdade jurídica e o direito a voto, mas também a equiparação de salários. Essas novas exigências se explicavam pelas transformações da sociedade européia da época. Com a crescente industrialização, as mulheres dos meados do século XIX foram cada vez mais abandonando seus lares para empregar-se como assalariadas nas indústrias e oficinas. Entraram, assim, em contato com as duras realidades do mercado de trabalho: se os operários da época já eram mal pagos, elas recebiam menos ainda. Conseqüentemente, era mais vantajoso dar emprego às mulheres que aos homens, e, assim, estes últimos viram-se envolvidos em uma penosa concorrência com o outro sexo. Irromperam até mesmo movimentos de oposição ao trabalho feminino.

Nesse confuso panorama, emergiram dois fenômenos significativos. A partir do momento em que as mulheres se mostraram capazes de contribuir para o sustento de suas famílias, não foi mais possível tratá-las apenas como donas-de-casa ou objetos de prazer. As difíceis condições de trabalho impostas às mulheres conduziram-nas a reivindicações que coincidiam com as da classe operária em geral. É, pois, dessa época que data a estreita relação do feminismo com os movimentos de esquerda.

Feminismo no século XX: Desde o início do século XX, a situação mudou rapidamente pelo mundo inteiro. A revolução russa de 1917 concedeu o direito de voto às mulheres e, em 1930, elas já votavam na Nova Zelândia (1893), na Austrália (1902), na Finlândia (1906), na Noruega (1913) e no Equador (1929). Por volta de 1950, a lista compreendia mais de cem nações.

Após a segunda guerra mundial, o feminismo ressurgiu com vigor redobrado, sob a influência de obras como Le Deuxième Sexe (1949; O segundo sexo), da francesa Simone de Beauvoir, e The Feminine Mystique (1963; A mística feminina), da americana Betty Friedan. No Reino Unido destacou-se Germaine Greer, australiana de nascimento, autora de The Female Eunuch (1971; A mulher eunuco), considerado o manifesto mais realista do women's liberation movimento (movimento de libertação da mulher), mundialmente conhecido como women's lib.

Agora já não se tratava mais de conquistar direitos civis para as mulheres, mas antes de descrever sua condição de oprimida pela cultura masculina, de revelar os mecanismos psicológicos e psicossociais dessa marginalização e de projetar estratégias capazes de proporcionar às mulheres uma liberação integral, que incluísse também o corpo e os desejos. Além disso, contam-se entre as reivindicações do moderno movimento feminista a interrupção voluntária da gravidez, a radical igualdade nos salários e o acesso a postos de responsabilidade.

O objetivo de plena igualdade, nunca radicalmente alcançado, realizou-se de forma muito desigual nos diversos países. Entre os principais obstáculos, os de índole cultural são de grande importância. Assim, por exemplo, sobrevivem em grande parte do continente africano resíduos da organização tribal. Em outra esfera, as peculiaridades culturais do mundo islâmico redundam em dificuldades e atrasos na consecução das reivindicações feministas.

 Para mais informações acesse o site da Secretaria de Políticas para as Mulheres: 

                                                                                

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero

Para estimular a reflexão em torno de todas as formas de discriminação – sexual, étnica, racial, por orientação sexual- é que você está convidado (a) a participar do 7º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero. Faça uma redação ou artigo científico dizendo sua opinião sobre a situação das mulheres no nosso País.
Este programa tem por objetivo estimular a produção científica e a reflexão crítica acerca dasdesigualdades existentes entre mulheres e homens em nosso país, contemplando suas intercessões com as abordagens de classe social, geração, raça, etnia e sexualidade.

Período de inscrição:

01/06/2011 a 16/09/2011.
Veja o regulamento na integra e outras informações sobre o concurso no endereço:

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Abandono e repetência escolar afetam mais os estudantes negros

Abandono e repetência escolar afetam mais os estudantes negros, segundo o Relatório Anual das Desigualdades Sociais 2009-2010.

A avaliação de jovens de 15 a 17 anos mostra que 8 em cada 10 estudantes negros e pardos estavam cursando séries abaixo de sua idade, ou tinham abandonado o colégio. Entre os brancos, 66% dos estudantes estavam na mesma situação.

Na população de 11 a 14 anos, 55,3% dos jovens brasileiros não estavam na série correta em 2008. Entre os jovens negros e pardos, essa proporção chega a 62,3%, bem acima dos estudantes brancos (45,7%). "Mais uma vez, os dados também refletem que o problema de repetência e abandono, ao longo das coortes etárias, incide de forma desproporcional sobre os pretos e pardos", diz o relatório.

O estudo acentua que é justamente dos 11 aos 14 anos a fase em que crianças e jovens começam a abandonar a escola, daí a gravidade dessa questão.

Desenvolvido pelo Instituto de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o relatório evidencia que a população branca com idade superior a 15 anos tinha, em 2008, 1,5 anos de estudo a mais do que a negra.

Se comparado ao quadro de 1988, essa diferença entre brancos e negros pouco mudou. Naquela época, os brancos tinham 1,6 anos de estudo a mais, em média.

Atualmente, a população negra ou parda com mais de 15 anos tinha 6,5 anos de estudos em 2008, ante 3,6 anos em 1988. Entre os brancos, houve um salto de 5,2 anos para 8,3 anos de estudos.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Entrevista com Maria Alice Setubal


A socióloga aponta a urgência de colocar os educadores no centro das políticas públicas e critica a avaliação superficial que muitos economistas fazem da situação do ensino no Brasil.

É cada vez maior o número de economistas que investigam o porquê do fracasso escolar. Alguns desses estudos apontam como solução a gestão, deixando de lado o trabalho do professor e a necessidade de ampliar os investimentos na área. Essa abordagem é criticada por Maria Alice Setubal, socióloga e presidente do Conselho de Administração do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), após ter se debruçado sobre algumas pesquisas desse tipo. O trabalho resultou no artigo Equidade e Desempenho Escolar: É Possível Alcançar uma Educação de Qualidade para Todos? Publicado na Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBEP).

Em entrevista à Nova Escola, ela retoma o assunto e amplia o debate sobre a equidade e a qualidade da Educação. Maria Alice valoriza o olhar objetivo que os economistas trouxeram para a área, mas reclama das análises que supervalorizam aspectos relacionados a gestão, avaliação e responsabilização da escola pelo mal desempenho dos alunos. Para ela, é preciso colocar os educadores em pé de igualdade com os economistas.

Em que a abordagem dos economistas difere da feita por pesquisadores da área da Educação?

MARIA ALICE SETUBAL Em geral, os primeiros reconhecem o impacto de um bom professor sobre o aprendizado dos alunos, mas, como esse é um indicador difícil de mensurar, as análises são concentradas em outros pontos, mais periféricos, como a gestão. Outro problema é que, na maioria dos casos, as análises ficam restritas aos números e não focam a sala de aula. Por isso, acho que é preciso colocar os educadores em pé de igualdade com os economistas. Não se trata de uma competição para definir quem sabe mais, nem mesmo de uma abordagem quantitativa versus outra qualitativa. A contribuição dos professores é o olhar que incide no pedagógico.

O trabalho dos economistas tem influenciado as políticas públicas?

MARIA ALICE Sim, à medida que priorizam alguns eixos da Educação e apresentam muitos números, que são comunicados com facilidade e têm caráter simbólico forte. Esse olhar objetivo é importante. Mas é preciso cuidado ao analisar informações como a de que intervenções na escola ou na sala de aula são responsáveis por 20% do desempenho dos estudantes a curto prazo. Quem não é da área dificilmente entende como dados dessa natureza são calculados. Reconheço o mérito dos economistas, assim como a defasagem dos educadores nesse campo, pois infelizmente são poucos os que fazem estudos de impacto. Há muitas pessoas brilhantes na Educação realizando pesquisas, é claro, mas o enfoque é teórico ou somente relata a prática. Precisamos de pesquisas consistentes sobre como os alunos aprendem e como se deve ensinar.

Muitos pesquisadores classificam o trabalho do professor como determinante para a aprendizagem. Por outro lado, eles apostam na gestão para superar o fracasso escolar. Há divergências entre as ações que buscam solucionar o problema?

MARIA ALICE Avaliar o trabalho em sala de aula é difícil. Aspectos como esse não são um objeto de pesquisa dos economistas. Minha crítica é que muitas vezes eles reforçam o discurso de que gestão e avaliação resolvem todos os problemas. Isso não é verdade. Não podemos esquecer o professor e o estudante. Não faz sentido só olhar para aspectos periféricos, como a gestão, e achar que tudo será resolvido.